2010-09-29

A rosa impossível



Tive uma roseira que dava rosas negras no canteiro do meu prédio. Mas não chegou a florir. A rrancaram-ma. A essa e às outras: à branquinha que cheirava como um perfume da Calvin Klein, daqueles que fazem crer que o amor é eterno, à magenta de pétalas aveludadas e voluptuosas, cheias de luxúria com um travo a maracujá, à outra que era amarela, matizada de laranja e vermelho, e a outra ainda, lilás.

Colocaram um mini-cedro no lugar.

Como nos cemitérios.


csd

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2010-09-14

"Os Gatos"


Foto: Nuno Milheiro

Os amantes febris e os sábios solitários
Amam de modo igual, na idade da razão,
Os doces e orgulhosos gatos da mansão,
Que como eles têm frio e cismam sedentários.

Amigos da volúpia e devotos da ciência,
Buscam eles o horror da treva e dos mistérios;
Tomara-os Érebo por seus corcéis funéreos,
Se a submissão pudera opor-lhes à insolência.

Sonhando eles assumem a nobre atitude
Da esfinge que no além se funde à infinitude,
Como ao sabor de um sonho que jamais termina;

Os rins em mágicas fagulhas se distendem,
E partículas de ouro, como areia fina,
Suas graves pupilas vagamente acendem.´


Charles Baudelaire

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2010-09-08

Cineliterário: "A Paixão de Camille Claudel"




O Cineliterário regressa após as férias à Biblioteca Municipal de VIla Nova de Famalicão já no próximo dia 17 de Setembro - 6ª feira - às 21 e 30, como habitualmente.

O livro sobre o qual incidirá o debate é a apaixonada obra de Anne Delbée da Editorial Inquérito.

Entrada Livre

Sinopse

Quando Camille Claudel e Auguste Rodin se conhecem, ela tem apenas vinte anos e ele quarenta e dois.
Embora a sua relação se prolongue durante quinze anos, é extraordinário constatar que a sua paixão recíproca não durará senão alguns anos, mesmo se para cada um desses artistas, essa foi uma paixão violenta e fecunda, de duas almas gémeas que sentiam a mesma violenta paixão pela escultura.
Camille era também irmã de Paul Claudel, a quem estava ligada desde a infância por um forte laço de cumplicidade, mesmo se sobre ele exercia "um cruel ascendente". À audácia de Camille, que desafia o seu meio social com a relação com Rodin, e a sua paixão pela escultura, Paul opõe a sua conversão ao catolicismo, e consagra a vida ao teatro e à poesia, onde, paradoxalmente, a imagem de Camille está sempre presente.
Entre estes dois homens, Camille aparece como a base, a alma, de um triângulo de que o seu irmão Paul seria o espírito, e Rodin, o seu amante, o corpo.
Mas entre dois artistas que se dedicam à mesma criação, a paixão é algo de muito difícil de viver e perpetuar, e os complexos laços entre mestre e discípula, a rivalidade artística e o ciúme, vão interferir na relação entre Camille e Rodin.
Ao amor intransigente da jovem Camille, Rodin contrapõe uma vida amorosa que se divide entre ela, a amante (Rose Beuret, de quem tem um filho), e as ligações frequentes com modelos e mulheres da vida.
Camille toma então a difícil decisão de abandonar Rodin, para definitivamente se afirmar como artista, vivendo só e dedicando-se inteiramente à escultura.
Mas essa força interior que lhe permitiu abandonar Rodin, e fazer alguns dos seus melhores trabalhos, acaba por se virar contra si própria, o que leva o seu irmão Paul Claudel a afirmar: "ela tinha apostado tudo em Rodin, e perdeu tudo com ele".


Equipa Artística e Técnica

ISABELLE ADJANI
Camille Claudel
GERARD DEPARDIEU
Auguste Rodin
LAURENT GREVILL.
Paul Claudel
ALAIN CUNY
Louis-Prosper Claudel
MADELEINE ROBINSON
Louise-Athanaise Claudel
KATRINE BOORMAN
Jessie Lipscomb
DANIELE LEBRUN
Rose Beuret
AURELLE DOAZAN
Louise Claudel
MADELEINE MARIE
Victoire
MAXIME LEROUX
Claude Debussy

Realização
BRUNO NUYTTEN

Fotografia
PIERRE LHOMME

Montagem
JOELLE HACHE

Director de Produção
BERNARD MARESCOT

Som
GUILLAUME SCIAMA

Décors
BERNARD VEZAT

Figurinos
DOMINIQUE BORG

Música
GABRIEL YARED

DE: catálogo Atalanta Filmes



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