2010-08-04

Prûne d' Argent



La Sylphide noire que j'étais...

avec des pétales au senteur de prûne,

aujourd'hui une pluie d'argent

fait eclairir mes cheveux brunes

avec une diafane claire de Lune...


CSD

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O meu Éden


A laranjeira da minha avó dava sombra.

Mas não comíamos as laranjas por serem demasiado ácidas. Deitávamo-nos debaixo dos ramos de folhas verdes-escuras, pesados porque grávidos de frutos, em cima de uma cama de fetos, que fomos buscar ao monte. Sentíamos o aroma das uvas americanas que pendiam da latada, por cima de nós, enquanto as vespas zumbiam à volta. As abelhas preferiam a fúcsia dos brincos de princesa, por debaixo da laranjeira, ou a beleza nívea das sempre noivas.

As dálias, imensas e pesadas, de cores sensuais como as dançarinas espanholas, ficavam junto ao muro, próximas da ameixoeira e daquele pessegueiro que eu gostava de trepar em busca daqueles frutos de polpa farinhenta, mais doce que o mel, e que abríamos ao meio para tirar o caroço deparando-me, quase sempre, com um bicharoco mais guloso do que eu...


Deitada na cama de fetos, fechava os olhos e sonhava...ou lia. Era feliz.

Hoje no lugar da cama de fetos há cimento. A latada das uvas americanas foi cortada rente, tal como a moita de amoras pretas que ficava junto ao poço.

A avó partiu, as dálias desapareceram e as árvores já não dão fruto.


CSD

3 de Agosto de 2010

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