Visita de Virgílio Alberto Vieira à Biblioteca Municipal de Vila Nova de Famalicão
VERGÍLIO ALBERTO VIEIRA (nascido em 1950, Amares, Braga) formou-se em Letras na Universidade do Porto, passando a leccionar em Lisboa a partir de 1993. Nos últimos anos, reuniu quase toda a sua poesia no volume A Imposição das Mãos (1999) e parte da sua actividade crítica em A Sétima Face do Dado (2000). No domínio da ficção publicou, entre outros, os livros: Chão de Víboras (1982), agora em reedição corrigida, O Navio de Fogo (1993) e A Biblioteca de Alexandria (2001). Está representado nas seguintes antologias: Antologia do Conto Português Contemporâneo (Lisboa, 1984), A Imagem de Marrocos/Relatos Portugueses de Viagens (Fez, 1998), Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea (Rio de Janeiro, 1999), Vozes Poéticas da Lusofonia (Lisboa, 1999), Antologia da Ficção Portuguesa Contemporânea (Budapeste, 2000) e Antología del Cuento Portugués del Siglo XX (México, 2001). Está traduzido para castelhano, francês e búlgaro, línguas em que acaba de ser publicada uma antologia poética — Peregrinação ao Sul (Sófia, 2004). Autor de doze títulos (poesia, narrativa, teatro) no domínio da literatura infantil e juvenil, editou As Palavras São Como as Cerejas (2001), experiência criativa levada a cabo no âmbito de um Projecto de Oficinas de Escrita. Escreveu sobre livros no Diário de Lisboa, revista África, Jornal de Notícias e semanário Expresso. Integrou o júri dos principais prémios literários portugueses (APE, PEN Club, Eixo-Atântico, Correntes d’Escritas, etc.). Depois de Cidade Irreal e Outros Poemas (1999/ 2.a edição, 2003), publicou O Voo da Serpente (2001), Coágulos (2002) e Crescente Branco (2004), também de poesia.
Fonte: www.editorial-caminho.pt
O escritor esteve no 16 de Novembro de 2007, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Famalicão onde, à semelhança de outras visitas anteriores, deliciou as crianças do ensino básico com as suas histórias e poemas.
As recordações das suas viagens, retiradas da sua “arca do tesouro” portátil, isto é, de uma mala – tão cheia de livros que era impossível fechá-la – cheia de histórias fantásticas onde cabiam, também, cavalos marinhos secos, corais da Costa Rica, rosas do deserto (pedras belíssimas esculpidas pelos ventos caprichosos do deserto marroquino, em forma de rosa), um fragmento solto de uma varanda do Convento de Cristo em Tomar. "Ainda vou preso. Qualquer dia tenho de lá ir devolver a pedra…Mas ela estava solta…Eu só a apanhei…" - afirma o escritor. Da arca ou mala mágica escaparam também uma outra pedra, em forma de cabeça de mocho, esculpida por ventos e marés da Normandia,isto para não falarmos dos insectos: besouros e moscardos verdadeiros, extraídos de uma caixinha de jóias.
Virgílio Alberto Vieira falou da importância das pequenas coisas do dia-a-dia, das pequenas maravilhas que tendem a escapar aos mais novos, devido às longas horas passadas agarrados ao pequeno écran ou à Internet.
Falou também da importância em destrinçar o lixo televisivo dos programas que valem a pena, destacando o National Geographic e os desenhos animados direccionados para as crianças, como detentores de elevado nível de qualidade.
Depois vieram as histórias. Belíssimas. E os poemas. E as canções de Ivo Machado com a poesia de Virgílio Alberto Vieira.
Foram muitas as histórias. E várias delas inéditas. E até um poema para Inês, improvisado na hora.
O talento para a mímica e para a imitação do Autor – que consegue reproduzir na perfeição o som de um trombone, o gorjeio de um pássaro, ou dar a um poema o ritmo e a cadência de uma locomotiva, juntamente com os seus ruídos característicos – junta-se a extraordinária capacidade de entabular um diálogo construtivo com os mais pequenos, despertando-lhe a imensa curiosidade que é a sede inesgotável de querer saber sempre mais.
Mas o momento alto do evento foi despoletado pelo Pedro, o menino especial que volteava o olhar como o voo de uma borboleta, durante toda a sessão, inquieto, até postar-se diante do contador de histórias. Uma festa no cabelo é o suficiente para cativar-lhe a atenção e a afectividade incondicional, traduzida num carinhoso e comovente abraço.
Virgílio afirma que aqueles que nascem em desvantagem são, precisamente, aqueles a quem devemos amar mais.
Sem dúvida.
Cláudia de Sousa Dias
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