2007-01-28

«Ocidentoxicação»


Photo: Cyril Etellin
No inicio da guerra do Afeganistão, na fronteira com o Paquistão, um jovem jihadi diza aum jornalista que os Americanos nunca venceriam porque « eles adoram a Pepsi-Cola, mas nós adoramos a morte».
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2007-01-22

Viagem criativa

Photo: Yvette Gougue


A iRreverêncIa do teu olhar
Trampolim para o desConhecido
ViAJamOs AO som
de um beijo
Rumo a um munDO criativo
A tempo inteiro

2007-01-12

Perfume a Saudade


Uma...

...duas...

...três gotas de perfume percorrem a carótida que pulsa suavemente, no pescoço de cisne...

O aroma a pimenta espalha-se no ar. Segue-se o mistério verde da fragrância das folhas de pitósporo. Depois, a mirra, o almíscar, o âmbar e o gálbano libertam-se à medida que as gotas avançam, indo morrer na morna quietude do vale entre os seios...

Ela olha pela janela do quarto. A luz da tarde fere-lhe os olhos. Il pomeriggio è troppo azzurro, como diz a canção italiana.

Os olhos buscam repouso no verde profundo dos bosques que se confundem com a linha do horizonte a leste... Ela sabe que aquele solo está atapetado de cogumelos e croccus, como na época em que saltava os muros da escola para colher as florinhas de pétalas lilases, com os estames azul-índigo, e fazer um raminho que oferecia à professora...

O aroma dos pinheiros e o cheiro da caruma vêm-lhe à memória , trazendo de volta a Avó e os passeios até à mata para apanhar as pinhas, que colocavam no forno, a assar.

Nessa altura, eu colocava-me no fogão em cima das panelas com a aletria e os mexidos que coziam em lume brando, até à altura em que o meu rabo ficava em chamas. Então era ver avó e neta correr atrás de mim, com um pano para apagar o fogo que queimava
a minha bela cauda...

Depois de estarem assadas, a avó pegava nas pinhas e retirava-lhes cuidadosamente os pinhões, cujo miolo era extraído com a ajuda de um alicate ou quebra-nozes. Eram tão saborosos que a gulodice das duas fazia com que quase não chegassem para os mexidos que a avó sabia fazer como ninguém. Ela tinha os seus pequenos segredos...por exemplo: carradas de mel e açúcar mascavado, que lhe davam uma exótica tonalidade achocolatada e...um generoso cálice de vinho do Porto!

E depois, era o aroma a canela a impregnar a velha cozinha.

A casa inteira.

O aroma que eu desejaria que se prolongasse por todo o ano.

Mais do que aroma, canela é Perfume a festa, com o qual se combate o frio e a tristeza do período de solstício de Inverno.

Com risos.

Com o prazer de estarmos juntos.

Um prazer cristalizado no passado.

No aroma a canela...

Os olhos dela fogem do bosque e vão afogar a saudade no azul profundo, impregnado de cheiro a meresia...

Ela fecha os olhos e aspira o ar, concentrando-se no ruído das ondas que se espraiam na areia, e inundam os palácios da memória...

A paz instala-se.

E o perfume, em cujo coração sobressai a nota verde do pitósporo, mistura-se lentamente com a fragrância, erógena e sexuada do Oceano...



Desert Rose

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