Crónica de uma confeitaria "moderna" II
Hoje vejo a confeitaria recheada de gente bonita. Pessoas que gozam da tranquilidade e boa disposição a quem a crise económica parece não afectar. Comentam o tempo primaveril na Grécia, junto à beira-mar, enquanto cá o vento álgido ameaça voltar a fazer-se sentir, após o sopro quente e bestial do tornado que lançou o terror e Tomar e a dissipação das pesadas nuvens de tempestade.
Também hoje a confeitaria está recheada das velhas elites , os descendentes dos antigos leões e leopardos de quem falava Paretto e o Príncipe de Lampedusa em Il Gattopardo: arqueólogos, investigadores, a família de um empresário de bolachas, biscoitos e chocolates que enchem as prateleiras das grandes superfícies - pelo menos enquanto o racionamento não se generaliza a todos os bens alimentares.
E aui, nesta confeitaria "moderna" pelo menos posso levar as natas que eu quiser para casa. Desde que as pague. No dia seguinte fazem mais. Aqui os doces são confeccionados com requinte. o creme das natas é suave e com um travozinho a limão. Depois dos pastéis de Belém, são as natas desta confeitaria de paredes espelhadas como no Majestic na Rua de Sta Catarina as que mais me seduzem. Os éclairs, também. Com o mesmo travo limonado no creme e cobertura de chocolate negro. só espero continuar a ter trabalho para continuar a poder comprar o direito de os desfrutar.
CSD
11.12.2010