2007-10-20

Cineliterário - Debate e partilha de opiniões na Biblioteca Camilo Castelo Branco


No passado dia 26 de Setembro o filme de Patrick Maarsden "O Bandolim do Capitão Corelli", baseado no romance homónimo do escritor franco-britânico Louis de Bernières, foi objecto de uma mini-tertúlia que se prolongou para além do tempo de projecção do filme.


O tema do romande incide sobre os antecedentes que estiveram na origem da guerra dos balcãs, abarcando também o papel das mulheres numa sociedade rural duma ilha grega, no meio do mar Jónico, nos anos 40. Uma ilha que é também um ponto estratégico disputado por vários impérios ao longo da História da Europa.


O livro fala, também, das fidiculdades de integração que quem pretende ser diferente, da religiosidade, costumes e tradições gregos, da relação da população nativa com os invasores, do contraste entre a bonomia eo espirito leggero dos militares que integram a divisão Acqui e o formalismo e rigidez autoritária dos alemães.


O debate foi enriquecido com a presença e os comentários da escritora Manuela Monteiro e de José Manuel Silva, empresário e cinéfilo.


Foram sublinhados, pelos vários intervenientes, aspectos como o aligeirar da narrativa para o grande écran, a transformação de um romance de elevado conteúdo dramático, histórico e político, referente a inúmeros acontecimentos chave que tiveram lugar no século vinte e que desencadearam significativas alterações geo-políticas nas décadas subsequentes, como a Guerra Fria e a queda do muro de Berlim, num folhetim adocicado onde brilha a presença de Penélope Cruz – algo inspirada em Irene Papas – e onde Nicolas Cage esteve muito aquém do seu melhor ao construir um Capitão Corelli algo superficial, um tudo nada light, seguindo um estereótipo da personalidade italiana tal como é vista nos EUA.


Do debate, extrai-se, à laia de conclusão, haver uma acentuada assimetria entre livro e filme, destacando-se o primeiro pela positiva.


Do filme, ressalta a beleza da fotografia, a perfeição da execução da cena do terramoto onde se observa a terra a sofrer contracções, como o útero de uma mãe a dar à luz.


Um facto de cariz geológico que adquire um significado metafórico, que poderá ser extrapolado para o campo da geopolítica, pressupondo uma nova ordem mundial que sofre outro revés em Novembro de 1989 com a queda do Muro de Berlim. A partir daí, estarão lançadas as sementes que desencadearam a Guerra na ex-Jugoslávia, altura em que foi escrita a obra.


O próximo debate do Cineliterário será no dia 31 de Outubro com o filme "Chocolate", do mesmo realizador, a pertir do best-seller de Joanne Harris.



Cláudia de Sousa Dias

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5 Comments:

Blogger Nilson Barcelli said...

Este post não deveria ser publicado no outro blogue?
Parece-me que sim, mas tu é que és a dona...
Beijinhos.

21/10/07 10:17 da tarde  
Blogger un dress said...

quem me dera ir...poder ir cláudia!!

se ainda me lembro do bocadinho da insustentável leveza do ser que revi...:)

é sem dúvida uma excelente forma de lembrar e acrescentar!!

sem esquecer a partilha: muito importante!


beijO

23/10/07 9:52 da manhã  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Não, Nilson! O comentário ao livro já lá foi publicado há dois anos e meio atrás. Tu próprio o comentaste!

Este blog é para textos literários e eventos culturais...

O outro é eclusivamente dedicado aos livros.

CSD

23/10/07 10:37 da manhã  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

A partilha é o mais importante, é o mais importante, Undress!


Beijo grande!


CSD

23/10/07 10:43 da manhã  
Blogger Nilson Barcelli said...

Já percebi, tens razão...
Beijinhos.

25/10/07 11:08 da tarde  

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