“O Xaile Indiano”
É noite.
Estamos no nosso refúgio.
Na varanda da casa de praia.
Mais uma vez.
O mar olha-me do fundo da sua negrura de breu, com reflexos de prata. As portas de vidro da sala estão corridas para deixar entrar a brisa…o areal estende-se diante de nós, numa tonalidade de marfim, junto ao qual o mar chão serve de espelho à Lua que está no seu zénite.
Antes que a sua gémea, mergulhe no Oceano, ela vai à cozinha buscar uma chávena de chá verde, para saborear devagarinho, reclinada na espreguiçadeira na varanda…
Aposto que vai ouvir Gershwin….
Ouço o miado aveludado de um clarinete…
Summertime…
Acertei.
A tristeza impregnada no timbre da voz de Ella Fitzgerald espalha-se pelas ondas impregnando a carícia do vento de uma tonalidade escura. Grave. Nocturna. Negra e macia como veludo…
Segue-se Leontine Price. Outra voz negra, mas esta é acetinada e de uma pureza cristalina, aliás, diamantina que chega até às estrelas…
O corpo bronzeado de Luna está envolto no xaile de seda indiano, dourado como as pérolas orientais usadas pelas marahani. Os reflexos do xaile, que ela enrolou à volta do corpo, como um sari, lembram a ondulação do mar, há poucas horas atrás, ao pôr-do-sol. E a luz pálida da Lua, que o atravessa, denuncia cada movimento muscular de um corpo moldado pelo seu desporto favorito: a vela.
Vela e vento.
Porque Luna é brisa e tempestade.
E o xaile um presente que oferece a si mesma para celebrar a sua sede inesgotável de liberdade e independência.
Não é por acaso que nos damos tão bem.
Luna gosta do seu canto.
Do seu espaço.
Que não suporta ver invadido por uma presença estranha.
E eu também não.
Nisso somos semelhantes.
A brisa marítima não está suficientemente fresca para dissipar o ar abafado da sala.
Luna levanta-se e caminha em direcção à praia. O cabelo negro-andorinha cai-lhe pelas costas, realçado pelo tom oiro da seda.
Luna mergulha num mar sereníssimo.
Sereníssima…ela…também…
Como a lua…
Como a espuma das ondas…
Luna é o sol da meia-noite a entrar nas águas negras do Atlântico…
A Lua desce.
Ao seu encontro.
Desert Rose
Estamos no nosso refúgio.
Na varanda da casa de praia.
Mais uma vez.
O mar olha-me do fundo da sua negrura de breu, com reflexos de prata. As portas de vidro da sala estão corridas para deixar entrar a brisa…o areal estende-se diante de nós, numa tonalidade de marfim, junto ao qual o mar chão serve de espelho à Lua que está no seu zénite.
Antes que a sua gémea, mergulhe no Oceano, ela vai à cozinha buscar uma chávena de chá verde, para saborear devagarinho, reclinada na espreguiçadeira na varanda…
Aposto que vai ouvir Gershwin….
Ouço o miado aveludado de um clarinete…
Summertime…
Acertei.
A tristeza impregnada no timbre da voz de Ella Fitzgerald espalha-se pelas ondas impregnando a carícia do vento de uma tonalidade escura. Grave. Nocturna. Negra e macia como veludo…
Segue-se Leontine Price. Outra voz negra, mas esta é acetinada e de uma pureza cristalina, aliás, diamantina que chega até às estrelas…
O corpo bronzeado de Luna está envolto no xaile de seda indiano, dourado como as pérolas orientais usadas pelas marahani. Os reflexos do xaile, que ela enrolou à volta do corpo, como um sari, lembram a ondulação do mar, há poucas horas atrás, ao pôr-do-sol. E a luz pálida da Lua, que o atravessa, denuncia cada movimento muscular de um corpo moldado pelo seu desporto favorito: a vela.
Vela e vento.
Porque Luna é brisa e tempestade.
E o xaile um presente que oferece a si mesma para celebrar a sua sede inesgotável de liberdade e independência.
Não é por acaso que nos damos tão bem.
Luna gosta do seu canto.
Do seu espaço.
Que não suporta ver invadido por uma presença estranha.
E eu também não.
Nisso somos semelhantes.
A brisa marítima não está suficientemente fresca para dissipar o ar abafado da sala.
Luna levanta-se e caminha em direcção à praia. O cabelo negro-andorinha cai-lhe pelas costas, realçado pelo tom oiro da seda.
Luna mergulha num mar sereníssimo.
Sereníssima…ela…também…
Como a lua…
Como a espuma das ondas…
Luna é o sol da meia-noite a entrar nas águas negras do Atlântico…
A Lua desce.
Ao seu encontro.
Desert Rose
Etiquetas: Luna e o gato
18 Comments:
Escrita aveludada, esta.
Sabe a maresia...
Que delícia de comentário!
Nunca teria imaginado!
Apesar de usar o adjectivo do texto.
Trata-se de uma imagem recorrente, aquela que Luna contempla da varanda...
E amúsica é uma daquelas que mais gosto de ouvir....Seja qual for a estação do ano...
CSD
Olá, essas tua palavras remetem a fantasias que se alojam nos escaminhos da alma. Ler-te é uma delícia. Beijo terno.
Obrigada querida!
daqui a bocadinho passo aí para ver o que tens escrito!
beijo
CSD
vejo tudo.tudo
:
macio seco solto
.
e devagar
abraÇo :)
beijO
Lindo, como sempre.
Com música (da boa) e tudo...
Gostei imenso deste teu conto.
Beijinhos.
fico contente em saber que temos os mesmos gostos musicais...!
Assim há mais o que partilhar na blogosfera. Tenho de perguntar à Arabie como é que se posta uma música no blog...
CSD
Um convite la no meu cantinho ;)
PARA TODOS/AS ... BEM BOM :)
escrita doce como as noites quentes de verão. onírica...
Olá, obrigado pela visita. O Acre é um dos 27 estados brasileiros, bem ao lado do estado do Amazonas, onde fica a maior parte da floresta amzônica. Morei na Rua Acre, em Andradina, interior do estado de São Paulo, um lugar que me traz muitas recordações. Abraço cordial, Phylos.
è giro o teu cantinho, Lu!
Pi, a tua é muito melhor!
Phylos adorei a tua explicação! Pela tua "voz" e pelos tus posts fico a saber um poucos mais da beleza do Brasil...
CSD
isto é uma curta.
uma curta-letragem!
e depois?
quero mais...
beijo
gostei de fechar os olhos e sentir... o toque
A ver vamos, anónimo!
Acho que foi mais...
...imaginar, Carlos!
Um abraço
CSD
Olá Claudia, andas ausente? Espero que a volta ao teu catinho seja breve. Bjus
Olá Claudia, vim ver as novidades e deixar um beijo de fds.
Obrigada Anne! Não postei ainda nada de novo, mas lá mais para o final da semana...
CSD
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