2012-04-22

AS ETERNAS MARGENS



Photo by Tourism in Turkey



                                   À Margarida Losa

Um cedro te pensava.
Nunca faia,
ou sobretudo junco de ternura.
Mas de cedro: sempre sementes foram
a dar seiva aos amigos
e ao mundo.

Um cedro te pensava. Feito de força
e vento
- ou vendaval.
Nunca faia de espanto
ou junco horizontal
onde horizonte: nada.

Um cedro. Uma pequena ponte alada,
força feita de tanto
e luz de solidez, onde a seiva
se faz de frente ao mundo,
a ela se ligando
a tua imagem.

Um cedro te pensava.
Se faia fores também,
ou frágil junco,
igual o coração.
E a sua eterna margem.

Ana Luísa Amaral
in “Às vezes, o Paraíso, 1998.

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