2012-04-22

UM MANTO DE TERNURA




                 Ao Joaquim-Francisco Coelho

Dizer-te, meu amigo,
que, à uma da manhã
e desta noite,
está lindo o nevoeiro

que um manto de sossego
assim inteiro,
eu desejava dar-te
- e ter comigo

Enviava-te em frasco
se pudesse,
fechado em carta azul,

ou por fax de sol
(não fora o medo que o sol
o desfizesse)

Assim, mando daqui
esta espessura
de cheiro muito branco
e muito belo:

um manto de ternura
dobrado num novelo,
que chegue
até aí

Ana Luísa Amaral
in “Às vezes, o Paraíso, 1998.

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