CORDÕES DA PRESENÇA
Photo by Flores
Nem com imaginar
eu te consigo ausente:
o tempo mais se rompe e é tarefa
impensável
não pensar-te aqui.
Forço o sonho ao
contrário: em pesadelo,
e não consigo elo
que me ligue ao nada.
E porque imaginar-te
assim ausente
é um trabalho de Hércules,
ou Atlas ( e as minhas mãos: nem
seda):
fica – como as serpentes de Medusa;
fica, como Cassandra,
onde em vez de presságio
de cavalo mudo,
um tempo esplendoroso
de unificação.
Relança agora o fio,
feito cordão,
e em tom de dobadoura
puxa-o para aqui.
Que a Ítaca no Verão é mais
brilhante,
Ariadne sorri
e olha, o novelo,
inteiro:
ainda deste lado.
Ana Luísa Amaral
in “Às vezes, o Paraíso, 1998.
Etiquetas: poemário
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home