2012-07-29

ATÉ AO ENTARDECER ARREFECE O DIA

Photo by Resim & Fotoğraf

I


Até ao entardecer arrefece o dia...
Bebe o calor da minha mão,
a minha mão tem o mesmo sangue que a primavera.
Toma a minha mão, toma o meu braço branco,
toma a nostalgia dos meus ombros magros...
Seria maravilhoso sentir,
uma única noite, numa noite como esta,
o peso da tua cabeça no meu peito.




II


Atiraste a rosa vermelha do teu amor
no meu branco regaço -
tenho nas minhas mãos ardentes
a rosa vermelha que não tardará a murchar...
Oh, soberano de olhos frios,
aceito a coroa que me entregas,
a coroa que dobra a minha cabeça para o meu coração.




III


Vi hoje pela primeira vez o meu senhor,
tremendo o reconheci imediatamente.
Agora sinto a sua pesado mão sobre o meu leve braço...
Onde está o meu cantante sorriso virginal,
a minha liberdade de mulher com a cabeça alta?
Agora sinto o seu firme abraço ao meu corpo palpitante,
oiço agora o duro som da realidade
contra os meus frágeis, frágeis sonhos.




IV


Procuravas uma flor
e encontraste um fruto.
Procuravas uma fonte
e encontraste um mar.
Procuravas uma mulher
e encontraste uma alma -
estás decepcionado.

Edith Södergran
Dikter, 1916

Tradução de Amadeu Baptista

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