kopenhagen script
Photo by J'aime l'art et la nature Flora(Josiane Cuppens).
-1-
as árvores furiosamente nuas
largam os seus pássaros negros
num outro mês qualquer
e as estradas separam as folhas
rolam as pedras cansadas de sol
para que o sul seja um lugar
onde a água espera
e o destino se esconde
em forma de ilha
que mão amputar
se assim nos pedem o frio?
-2-
são tão largas as horas
que se consegue ver
a solidão dum comboio vermelho
a raspar a noite
como homens à procura de uma porta
definhando gloriosamente
nas suas estações de
desespero
-3-
pelas gárgulas das catedrais
escoam-se noites antigas
que homens pacientemente sábios
recolhem letra a letra
a neve, tão mansa,
guarda-lhes a sombra e os passos
que numa janela alta e distante
um outro homem há-de ler
-4-
às vezes os navios doem
como ópio num pulmão derrotado
ou como quando tu ficas
no impossível meridiano da ausência
e eu te aceno de um silêncio
que é quase a loucura dos pássaros
de água-forte (2007)
Gil T.
Gil T. Sousa (1957) nasceu e reside em Vila Nova de Gaia e é Licenciado em Comunicação Social pela Escola Superior de Jornalismo do Porto.
Escreveu: poemas (2001) e falso lugar (2004) e água-forte (2007) edições privadas do autor.
Nos anos 90 participou em leituras públicas de poesia, 4.ªs-feiras do pinguim café no Porto e na Casa Fernando Pessoa em Lisboa, no âmbito dos encontros promovidos pelo canal de poesia de irc
de que foi um dos fundadores.
É autor dos blogues: poesia, falso lugar e exercícios de esquecimento, onde escreve e divulga poesia regularmente desde 2004.
-1-
as árvores furiosamente nuas
largam os seus pássaros negros
num outro mês qualquer
e as estradas separam as folhas
rolam as pedras cansadas de sol
para que o sul seja um lugar
onde a água espera
e o destino se esconde
em forma de ilha
que mão amputar
se assim nos pedem o frio?
-2-
são tão largas as horas
que se consegue ver
a solidão dum comboio vermelho
a raspar a noite
como homens à procura de uma porta
definhando gloriosamente
nas suas estações de
desespero
-3-
pelas gárgulas das catedrais
escoam-se noites antigas
que homens pacientemente sábios
recolhem letra a letra
a neve, tão mansa,
guarda-lhes a sombra e os passos
que numa janela alta e distante
um outro homem há-de ler
-4-
às vezes os navios doem
como ópio num pulmão derrotado
ou como quando tu ficas
no impossível meridiano da ausência
e eu te aceno de um silêncio
que é quase a loucura dos pássaros
de água-forte (2007)
Gil T.
Gil T. Sousa (1957) nasceu e reside em Vila Nova de Gaia e é Licenciado em Comunicação Social pela Escola Superior de Jornalismo do Porto.
Escreveu: poemas (2001) e falso lugar (2004) e água-forte (2007) edições privadas do autor.
Nos anos 90 participou em leituras públicas de poesia, 4.ªs-feiras do pinguim café no Porto e na Casa Fernando Pessoa em Lisboa, no âmbito dos encontros promovidos pelo canal de poesia de irc
de que foi um dos fundadores.
É autor dos blogues: poesia, falso lugar e exercícios de esquecimento, onde escreve e divulga poesia regularmente desde 2004.
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