2012-06-10

BALADA 1952

Photo by João Braz.

I

O teu sexo é vermelho escuro
E húmido como carne de fruta

E o negro bosque que o cobre
Ondeia quando sopro

Ali no mais profundo há uma maçã de inverno
Viscosa como após a chuva

E sobre o teu rosto deslizam
As sombras das asas de sete pássaros

Uma perna sobre as minhas costas
Um mão nos meus testículos

E a tua boca abre-se como uma amêijoa
E sinto-me seguro

II

E tu dormes
Com os olhos semi-fechados e os reclames luminosos
Pintam diabos nas paredes

É em Paris ou em Roma
Ou Salzburgo ou

O mundo está demasiadamente connosco
Nós estamos junto
Amanhã vamos a

O teu pé sobre a minha boca
O teu alento sobre o meu pé

III

E amanhã acordamos
Um assobio da rua
No ouvido protesta a bigorna
E tu lavas-te atrás da cortina
E quando saímos vencemos

Lars Forssel
En kärleksdikt, 1960

Tradução de Amadeu Baptista

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