RISCAS AS ÁGUAS
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Photo: Lim Eng Hoo para Project Noah
Riscas as águas,
sob o umbigo, encerrado,
puxa-te a mão para um céu que chora,
e sais
entre dedos sedentos do teu negrume,
lodo fétido,
festa louca e de viver tão farto;
passas à beira das árvores, gritas
o monte de visco, a feia besta
que nasceu contigo;
estremece a água, dentro da casca
que te afogou retorces-te
qual morte dentro do olho que te criou.
De um mau sonho, de uma escuridão,
agora cospes fogo e escuridão, escuridão;
amendrontas-te, procuras
como uma serpente aquele mamilo de rocha:
até secá-lo.
Tens amargura no amargo da boca.
Tens o cheiro do pai.
Arnau Pons
Etiquetas: poemário
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