RESÍDUOS
Imagem obtida em FLIKCR
A folha em branco. Olhar a lua.
Forçar texto, olho, folha. Olhar
cadeira em branco. E nada.
Devia estar contente pela colheita
quase semanal (que seminal não foi!):
e o branco da folha agora a seduzir.
Devia, mas não estou - o pé magoado,
a rocha muito aguda e dois poemas
só. Mas dois poemas. E devia bastar-me
essa alegria: gémeos em férias, o sol
a derreter, a sombra quase nula, em
sal o que rodeia a minha sombra.
Mas não estou. E devia, que o sonho
apertou mais que o sol por duas vezes
e transformou-se em folha cheia.
Mas que é das vezes todas que olho em
branco e resíduos de nada junto à lua?
Ana Luísa Amaral
in "E muitos os Caminhos", 1995.
Etiquetas: poemário
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