PONTO DE PARTIDA:GAIVOTAS
Photo by Sompob Sasismit
Um arrepio ao vê-las,
deslumbrantes,
voando em rodopio
Vontade de dizer
palavras grandes,
de redondas nasais,
entontecendo um longo texto
e céu
Palavras de guindastes
em demora, em meia luz,
marítimas e puras
e que rodopiassem
pelo texto,
em cadência,
cadentes
Em diferente
contexto
do usado:
brancas e longas,
o voo desdobrado
sobre o branco,
asa de nuvem,
asa como mão
Asas dadas
cantantes
à volta do meu texto,
uma canção de roda,
palavras infantis
e sonolentas
pelo cair
da tarde
De nasais
mais redondas
que as nasais da manhã,
desejosas de casa,
as mãos dadas tremendo
O texto em rodopio
e cada vez mais tonto
e cada vez mais
lento,
e finalmente
pronto
Em arrepio
de areia,
marcas evanescendo-se
nas ondas
Ana Luísa Amaral
in "Epopeias", 1994
Etiquetas: poemário
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