Felix Mendelssohn: Liede ohne Worte
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A autonomia do efémero é um destino preciso.
Bastará não deixar de passar os dedos
no tronco das árvores e o mundo constituirá
um rumo inevitável e exacto,
ainda que uma engrenagem, uma rosa.
Ou um seixo polido.
Pode o rosto esconder-se nesse instante,
pode augurar a floração e o mistério,
mas existe para além do momento
e é muito mais que a expansão da brancura.
Se lhe chamássemos pedra
de nada serviria a pedra
e o imparável movimento que contém,
de nada serviriam os regatos e a multidão de homens
que codificam as sombras
e se afastam de casa.
Dentro de nós não há melodia.
Só o efémero.
Amadeu Baptista
in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
no tronco das árvores e o mundo constituirá
um rumo inevitável e exacto,
ainda que uma engrenagem, uma rosa.
Ou um seixo polido.
Pode o rosto esconder-se nesse instante,
pode augurar a floração e o mistério,
mas existe para além do momento
e é muito mais que a expansão da brancura.
Se lhe chamássemos pedra
de nada serviria a pedra
e o imparável movimento que contém,
de nada serviriam os regatos e a multidão de homens
que codificam as sombras
e se afastam de casa.
Dentro de nós não há melodia.
Só o efémero.
Amadeu Baptista
in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
Etiquetas: poemário
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