Antonio Vivaldi: Allegro, do Concerto para flauta em ré maior " IL Gardellino "
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Este sol nocturno que nos vigia, que nem sequer vigia,
apenas comparece visível e invisível para celebrar
todos os acontecimentos, os que festejam
as núpcias de algo fundamental e vermelho que está solto
na vida, está solto no indescritível mistério
de alguém tomar o nosso lugar no grande círculo
da respiração comum e embelezar o esplendor e o tumulto
porque pouco possui,
nada deve possuir,
apenas uma ideia remota, além do encantamento,
a grata recordação de ter sido esse o fascínio
primitivo,
o friso onde gravámos o sonho, a ânfora onde guardámos
a sombra,
a escuridão, o brilho, a corola que a treva engendrou
para celebrar a eternidade,
insolúvel como um sobressalto,
incontornável como a vida que há-de vir,
eficaz como a fogueira no fluxo da noite.
Amadeu Baptista
Etiquetas: poemário
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