2012-04-01

Onírica





Photo by Angel 

Onírica
“Quem és tu que trazes o véu da metafísica
como símbolo de um pré-histórico luto,
ocultando sob o vácuo a beleza cósmica
o olhar angelical e o hálito de vida?!

Que embrião é este que em teu útero grita,
que sedento mendiga o teu sangue: É o Sonho?!
Ah! Como o suportarei se não for “Destino”?!...
Que fim terá então sem o Poder do Arbítrio?!...

[...]

Oh! Como possuir-te, se és inefável...
se sou a condensação de milhões de átomos,
a intersecção da consciência e dos desejos,
a síntese entre razão, emoções, instintos?!

Porque me condenas ao claustro do teu corpo
tornando-me um parasita hipocondríaco,
um primário ser – à margem da fotossíntese,
que sobrevive embora como um morto-vivo?!

Como negar, no entanto, que de ti preciso,
que és a encarnação do “prelúdico-eu”,
o oráculo profético da consciência,
quando os ecos da noite despe-te, ó Ninfa?!!!” [Mariano da Rosa*]

*Onírica, Quase Sagrado, em edição.

Perfume dos Campos, 1899, Luciano Freire

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