2012-04-30

NOITES QUE FABRICAS



 









rigorosas;

as mãos na

clara-sementeira das centáureas

o sangue derramado exposto

ao vento,




Tantas estrelas quantas podes abarcar,

tanto negrume de nuvens, tantos

desastres de chuva, as imagens do mundo

destituídas,




tudo isto se abre,

decresce

extingue-se apenas




dentro da cesura, um corte

de miséria com

os tenros anos no cardal,

de novembro a novembro,

dentro das gaiolas,

como os tão vãos

ofiúros da videira, com a dormideira,

junto aos duplos reinos:




entre os dedos toda

aquela escuridão que estagna, eterna;

mais nada.




Arnau Pons

in "A Palavra que ofusca"

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