2012-04-08

AO ROUXINOL: A ODE QUE QUE NÃO É


Photo: Rosa Gambóias através de www.flickr.com

O melhor rouxinol:
o inventado.
Com asas cor de mel,
pára-quedas abrindo-se
em telhado

Que as suas penas:
irresponsáveis mastros
de voar,
arremedos de sonho
à espera do poema
os inventar

Enquanto não:
liga a estereofonia
em muitos decibéis,
enche a pata de anéis, 
suspira roucamente,

enquanto, em seda
colorida e branda,
toca as telhas de frente
e pousa no telhado

- um espião
disfarçado
em território
neutro

Ana Luísa Amaral
in "E muitos os Caminhos",1995

Etiquetas: