Sem título
Inesperadamente um pombo lança-se do prédio.
e esborracha-se em vermelho na calçada.
A morte arrasta-se pesada ao ouvir o chamamento.
A pomba, debruçada lá do alto,
mede a distância que a separa do asfalto.
Uma lágrima liberta-se dos seus olhos
e rebenta cá em baixo num lamento.
Parece que a morte ainda se demora.
Ficou retida num semáforo vermelho.
Indignado, levanta-se o pombo e vai-se embora.
No chão sobrou uma mancha encarnada,
e a pomba que era viúva voltou a ser casada.
Gonçalo Mira
Etiquetas: poemário
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