ESTRELAS E OUTROS DESCOMPASSOS (casa de Mateus, Abril de 1997)
Photo by Sandra for Resim & Fotoğraf
Vi estrelas esta noite como há milhares
de noites nunca vira: estrelas tão de
ruir, tão de compassos, tão de negro
vestidas. mas nas sombras onde eu assim
escondida, elas de uma outra noite: essa
em que tu ousaste muito levemente
braço sobre o meu ombro nu (metáfora ou
colapso maior sob o casaco que eu
vestia para afastar os corredores
da ausência). de qualquer forma, ousaste
braço, ousaste mão, depois. E o que a seguir
se desenhou no fresco a renascença de
constelação. um campo tão minado de oiro e
negro, ou rotação solene em cassiopeias
da minha cara junto à tua boca: uma paixão
de saxofone e linhas de brandura, descon-
juntando as curvas das ideias. Vi estrelas
esta noite como só as bordadas dessa noite
sobre a minha cintura - e rotações
mais leves e alheias -
Ana Luísa Amaral
in "Às vezes, o Paraíso", 1998.
Etiquetas: poemário
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