2012-04-16

CÂMARA ESCURA







Imagem: a partir do Facebook, partilhada por Isabel de Brito

São assim as memórias:
coisas cheirando a sol,
outras a morte,
algumas a pequenos sons metálicos
que convém afiar

Em tom de contrabaixo
um rouco saxofone
devagar,
no tempo

Persistem-se nos cheiros,
como nuvens,
contas em trança de pequeno terço:
a terra ou o assado, o leite ou o suor da maior agonia
Cofre guardado muito mais que em cor,
velocidade em teor
do universo,
de precisão tão mais
que a fotografia


Ana Luísa Amaral
in "Às vezes, o Paraíso", 1998

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