2012-03-30

POEMA SEXAGÉSIMO NONO















Imagem retirada de Google.



Amo a figueira,

a sonolenta árvore onde Judas

ajustou contas com a sua palavra,
vitória breve da inflorescência da
traição. Figo que no espírito se fez carne
e se fez casa ambiciosa, difícil de sustentar
a hipotética hipoteca da
consciência.

A figueira recusou
os trinta dinheiros que
pendiam da mão desolada do apóstolo,
sem contabilizar o envergonhado brilho
dessa prata que
bastaria para comprar todos os figos
que a figueira nunca pretendeu
mais
que oferecer.

Joaquim Pessoa
(Do livro inédito, GUARDAR O FOGO)

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