2012-03-25

APARÊNCIAS


O tempo devagar recolhe areias.
Ampulhetas de sol. Eu acordada
dentro da noite ainda. Meio verso
um calmante: muito suave que

o instinto é agudo. Ampulhetas
de sol já se passaram quantas?
Tudo parece e nada é de facto. O tempo: uma invenção, mal

necessário, ou cerne do instinto.
Enxutas as areias, devagar, agora em ampulhetas feitas de sol
e versos. 

ANA LUÍSA AMARAL in "Minha Senhora de Quê", 1990.

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