Concerto para Violino e Orquestra de Brahms por um Violinista Checo
O último andamento do concerto para violino e orquestra de Johannes Brhams dança-me no ouvido, num vórtice rodopiante de gemidos, arrancados pelo movimento frenético do arco a caixa de ressonância da madeira centenária do stradivarius do violinista checo que vive no apartamento ao lado...
A música foi sempre o meu lugar de evasão, sobretudo quando o caos opressivo, sufocante, das noites de Agosto quase faz derreter as paredes de betão do prédio onde habito...
As notas do violino, na varanda ao lado, impelem-me para o mar. Fazem aumentar a já imensa sede daquela frescura nocturna da orla marítima, do cheiro levemente salgado a maresia, a algas e moluscos, do reflexo prateado dos astros nas águas negras, que vêm morrer à praia de areias pálidas, diante de uma imensa janela imaginária, misturando-se ao ruido narcótico das ondas...
Fuga...
Refúgio...
Para o mar...
Para as ondas...de Virginia ou de um outro qualquer oceano imaginário.
Fuga à sensação de emparedamento, omnipresente na selva de betão da Cidade. Onde os seres se desumanizaram e se desligaram já de tal forma dos sons da natureza que exigem a morte do pássaro que canta à janela, enquanto que o barulho infernal vindo dos bares e discotecas no rés-do-chão faz estremecer as paredes dos edifícios...
Alguns quarteirões mais adiante, a jovem que dançou em cima das colunas até às quatro horas da madrugada, a lembrar uma sacerdotisa de Baco, exige a decapitação do galo anunciador da alvorada...
Outra jovem, grávida, requer o desaparecimento do melro que tenta cativar a fêmea com os seus trinados, em frente à janela do quarto, por lhe espantar o sono e induzir sonhos e desejos interditos...
Já agora, porque não decretar a extinção dos grilos e das cigarras, do coaxar de todos os anfíbios, do pio de todas as aves nocturnas, predadoras de todas as variantes de roedores portadores da velha yersinia pestis, que outrora dizimou populações inteiras de humanos na Europa?
Ah...deixem-me imergir no mundo de Neptuno, em cujo seio cantam cetáceos e sereias...
E em cuja orla não seja probido o canto do melros.
E onde a alvorada se anuncia pela voz de trombeta do galo de penas azuis.
Desert Rose
A música foi sempre o meu lugar de evasão, sobretudo quando o caos opressivo, sufocante, das noites de Agosto quase faz derreter as paredes de betão do prédio onde habito...
As notas do violino, na varanda ao lado, impelem-me para o mar. Fazem aumentar a já imensa sede daquela frescura nocturna da orla marítima, do cheiro levemente salgado a maresia, a algas e moluscos, do reflexo prateado dos astros nas águas negras, que vêm morrer à praia de areias pálidas, diante de uma imensa janela imaginária, misturando-se ao ruido narcótico das ondas...
Fuga...
Refúgio...
Para o mar...
Para as ondas...de Virginia ou de um outro qualquer oceano imaginário.
Fuga à sensação de emparedamento, omnipresente na selva de betão da Cidade. Onde os seres se desumanizaram e se desligaram já de tal forma dos sons da natureza que exigem a morte do pássaro que canta à janela, enquanto que o barulho infernal vindo dos bares e discotecas no rés-do-chão faz estremecer as paredes dos edifícios...
Alguns quarteirões mais adiante, a jovem que dançou em cima das colunas até às quatro horas da madrugada, a lembrar uma sacerdotisa de Baco, exige a decapitação do galo anunciador da alvorada...
Outra jovem, grávida, requer o desaparecimento do melro que tenta cativar a fêmea com os seus trinados, em frente à janela do quarto, por lhe espantar o sono e induzir sonhos e desejos interditos...
Já agora, porque não decretar a extinção dos grilos e das cigarras, do coaxar de todos os anfíbios, do pio de todas as aves nocturnas, predadoras de todas as variantes de roedores portadores da velha yersinia pestis, que outrora dizimou populações inteiras de humanos na Europa?
Ah...deixem-me imergir no mundo de Neptuno, em cujo seio cantam cetáceos e sereias...
E em cuja orla não seja probido o canto do melros.
E onde a alvorada se anuncia pela voz de trombeta do galo de penas azuis.
Desert Rose
Etiquetas: Luna e o gato
6 Comments:
a música transforma-nos. transtorna-nos.
beijo, cláudia!
Aliena-nos e alivia-nos.
(ser for música em vez de ruído)
:-)
CSD
não sou expert... nas adorei o texto..
kiss kiss
também não sou expert a escrever ficção...
:-)
CSD
belo.belo
desert rose! :)
Obrigada, Luci...!
Que saudades...:-)
CSD
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