2012-06-13

Tua 7

Photo by Altamente Meu.

É verão no pesadelo.
À porta da cabana dos vaqueiros faz fila uma multidão
de sombras cinzentas
e uma figura entra e sai correndo, entra e sai
por uma porta tomada de estranhas convulsões, como
uma película incompreensível.
Na praia está um transístor esquecido
sussurrando as suas últimas notícias para o mar. Por ele
guerreia-se violentamente até hoje em alguma parte,
ou por alguma outra coisa. Desde criança
Tom negou-se a comer quase de tudo
Deteve-se como uma paliçada no indolente prado
que havia fora de casa, com a sua cabeça redonda e assombrada
assumando entre os tremoçeiros e os cerefólios
A mãe cantava-lhe “ Dorme, meu menino “ para o consolar,
então ele começava a chorar. Depois
alguém tombou blocos de pedra no caminho
Querem fotografar-nos e
miniaturizar as imagens até ao irreconhecível
E as imagens irreconhecíveis
miniaturizam-nos até ao irreconhecível
E agora é noite nas ruas de alguma grande cidade,
um homem avança cambaleando até à resplandecente
cabina telefónica da estação
Marca um número e diz
“ Perdoe que fale de mim”
Amanhã ligará e dirá
“ Perdoe, não queria dizer nada”
mas ninguém responde já, ele diz
“ Não vai falar, pois não?”
E a manhã é como febre e guerra
na sua cabeça. Principia a andar.

Tua FORSSTRÖM



in Egentligen ar vi mycket lyckliga, 1976

Traduçãao de Amadeu Baptista

Etiquetas: