ATÉ À MADRUGADA
photo by Africa Geographic
Chovia sobre a terra das altas urtigas.
Atrás delas gritavam grandes relógios e sinos.Depois um tambor, logo outro – corria;
muitos tambores à meia-noite; o seu sangue
corria pelos pés e pelas mãos; ofegava;
tropeçou em algo e calou-se; a sua fúria cessou
tal como o seu medo, apenas uma tranquila pergunta:
qual seria o obstáculo – quase curiosidade.
Assim, caída no chão, procurou com todos os seus membros,
levantou a cabeça cortada de uma estátua,
limpou-lhe os olhos, os relógios pararam,
também se calaram os sinos e os tambores.
Amanhecia.
O que aguentava como uma criança nos braços
era o seu rosto. Pelos seus lábios corria
um floco de leite que tenuamente brilhava na madrugada.
Iannos Ritsos
Tradução de © Amadeu Baptista
Etiquetas: poemário
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