DRAMA
Photo by Cindy Sherman, 1994 através de Maria do Rosario Fardilha
A tarde está (cinzenta) e tu não estás.
Hesito repetir-me por vogais,
dramatizar a falta que me fazes
neste dia em que as nuvens, contra gaze,
repelem o céu todo. Ligaduras
sem iodo pelo ar. Margens sem cor,
ausentes. Papel pintado pelo meio
a azul.E ao lado do sol:
vogais que não existem, mas que,
ausentes, persistem, como gaze.
Iguais Às nuvens, a sua função:
discutir a paisagem, destruir
personagens, acelerar acção.
Acelerar o tempo, acelerar o
espaço. E a falta que me fazes:
livro em branco. Regressão
mais dramática que a luz -
Ana Luísa Amaral
In "Epopeias", 1994
Etiquetas: poemário
2 Comments:
"E a falta que me fazes:
livro em branco. Regressão
mais dramática que a luz"
Poderoso. drama.
Muito bom, cláudia!
Beiji enorme
Tão bom ter-te por cá, Rosário!
beijo também daqui.
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