2012-07-28

O PAÍS QUE NÃO EXISTE

Photo by Valentino Love

Anseio chegar ao país que não existe,
porque estou cansada de desejar tudo o que não existe.
A lua fala-me do país que não existe
em prateadas runas.
O país onde todos os nossos desejos serão prodigiosamente
satisfeitos,
o país no qual cairão as nossas cadeias,
o país onde refrescaremos o nosso rosto ferido
no orvalho da lua.
A minha vida foi uma ardente ilusão.
Mas uma coisa encontrei e uma coisa logrei -
o caminho para o país que não existe.
No país que não existe
está o meu amado com uma coroa resplandecente.
Quem é o meu amado? A noite é negra
e é tremura a resposta das estrelas.
Quem é o meu amado? Qual o seu nome?
Os céus abobodam-se, mais alto, sempre mais alto,
e um filho do homem afoga-se nas brumas infinitas
e não sabe a resposta.
Mas um filho do homem não é outra coisa senão certeza,
e levanta os seus braços mais acima de que todos os céus.
E ouve-se uma resposta: Eu sou o que tu amas e sempre amarás.


Landet som icke ar, 1925



Versão de - © Amadeu Baptista












Edith Södergran (1892-1923). Nasceu em São Petersburgo. Viveu grande parte da infância na Carélia, zona de confluência russo-finlandesa. Estudou num colégio alemão e os seus primeiros poemas foram escritos nessa língua. Doente de tuberculose desde os 16 anos, passou vários anos num sanatório suíço e morreu dessa enfermidade em 1923. É considerada como uma das figuras de topo do modernismo finlandês.

Etiquetas: