A respiração avança através de um gladíolo
Photo by Blanc & Noir - 黑與白
A respiração avança através de um gladíolo, as mãos
encrespam-se de silêncio, minerais dolorosos asfixiam a noite, riscam
como se fossem fósforos as sardas do teu rosto. Vens
com os dentes branquíssimos, o peito aberto aos ninhos, barco
que balouça na névoa, é tecto, casa, cama. Dar-te-ia
a cereja do bolo, a serenidade do mar, uma praia de colmo,
se os dias não fossem transitivos e os objectos íntimos, ó ave,
insuportáveis.
(in As Passagens Secretas, Coimbra, Fenda Edições, 1982)
Poema: © de Amadeu Baptista
Etiquetas: poemário
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