Pyotr Ilyich Tchaikovsky: Canção sem Palavras
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Algumas aves são mais aves que outras,
algumas aves possuem maior obstinação na obstinação do céu,
algumas aves influenciam mais vastamente o canto,
abrem espaço mais vezes à glorificação do ar
e da imponderabilidade.
De todas as aves amaria ser a cotovia,
essa que passa no seu voo de arabesco e medusa
e me encontra sempre na mais amarga solidão
e me desperta para o incontornável mistério
de me encontrar sempre e sempre.
Esta ave deve todo o seu fascínio ao poder da noite
e ao poder do mar,
várias vezes me vesti de terra para escutar o seu canto,
sou esta noite onde esta ave aguarda
a manhã para despertar o sol,
o sol e o milagre de uma canção
quando esta ave desperta o meu coração tangível,
o meu coração volúvel.
É espessa a tristeza de onde venho,
uma pedra estala no meu peito,
a água às vezes é lume nos meus olhos,
obsessivo mistério
que me conduz ao espaço
onde o deserto principia.
A norte e a sul o deserto prolifera
em golpes poderosos sob as mãos,
estas mãos vazias e irreais
na solidão do mundo
em que apenas aguardo
o canto matinal da cotovia,
o benefício de uma ave na solidão do mundo.
in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista
algumas aves influenciam mais vastamente o canto,
abrem espaço mais vezes à glorificação do ar
e da imponderabilidade.
De todas as aves amaria ser a cotovia,
essa que passa no seu voo de arabesco e medusa
e me encontra sempre na mais amarga solidão
e me desperta para o incontornável mistério
de me encontrar sempre e sempre.
Esta ave deve todo o seu fascínio ao poder da noite
e ao poder do mar,
várias vezes me vesti de terra para escutar o seu canto,
sou esta noite onde esta ave aguarda
a manhã para despertar o sol,
o sol e o milagre de uma canção
quando esta ave desperta o meu coração tangível,
o meu coração volúvel.
É espessa a tristeza de onde venho,
uma pedra estala no meu peito,
a água às vezes é lume nos meus olhos,
obsessivo mistério
que me conduz ao espaço
onde o deserto principia.
A norte e a sul o deserto prolifera
em golpes poderosos sob as mãos,
estas mãos vazias e irreais
na solidão do mundo
em que apenas aguardo
o canto matinal da cotovia,
o benefício de uma ave na solidão do mundo.
in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista
Etiquetas: poemário
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