Foto de Sandra para Resim & Fotoğraf.
Necessito de desorganizar-me
Necessito de desorganizar-me. Há um abismo em pêndulo. As casas dissolvem-se perante a voz negra que me cega. Horrorizo a maldade do mundo - as marionetas. Quero transferir-me para a costa do sol e comer os frutos deliciosos do bosque escrito nas margens do lábio - a sinceridade chora-se pela ferida.
A injustiça dos corações. A fraca humanidade e a melancolia da raiva - um punhal emerge - apetece matar.
A clivagem entre as caras. A clivagem do verbo. A savana repleta de hienas e um trigo indolente que adoece a flora na retina da casa - a desorganização orgânica explode na íngreme esfera - os poros suam cadáveres e a dismenorréia corre como um rio - o mensageiro decepa órgãos.
Corre um sémen pela turbina da fauna. Um vento frio esconde a boca e o resto numa água febril - a ebulição dos peixes amontoa-se na lixeira social.
Quero berrar. Quero berrar-me. Não consigo...
A exaustão violenta da cólera desmente-me nas esquinas.
Tenho-me preso nas abóbadas do sangue.
Alguém emerge.
Carlos Vinagre
Etiquetas: poemário
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