Peter Lagusen
Photo by Resim & Fotoğraf
Há algo no ar,
é transparente,
inodoro e insonoro.
Noto-o
quando choco com ele,
como se precipita um pássaro voando
contra um vidro.
A minha imagem especular está
na janela –
vejo-me
com um aspecto que não tenho,
e atrás de mim na cozinha
ficam os rolos de papel
como peles caídas de serpente
e o casulo da borboleta
em tapetes voadores
de amor e solidão.
O lago é um olho azul
no rosto verde da terra
e os terraços suspendem-se
como barcos salva-vidas
na medida das casas grandes
O tempo plana
à sombra de comboios de mercadorias e de gatos,
correm-se as cortinas
a luz apaga-se atrás delas.
Tudo flutua em calma pelo espaço
ao longe brilham cinco estrelas
e o céu para o sul está turquesa.
Peter Lagusen
Himmel Kœrlighet Frhed, 1982
Tradução de Amadeu Baptista
Há algo no ar,
é transparente,
inodoro e insonoro.
Noto-o
quando choco com ele,
como se precipita um pássaro voando
contra um vidro.
A minha imagem especular está
na janela –
vejo-me
com um aspecto que não tenho,
e atrás de mim na cozinha
ficam os rolos de papel
como peles caídas de serpente
e o casulo da borboleta
em tapetes voadores
de amor e solidão.
O lago é um olho azul
no rosto verde da terra
e os terraços suspendem-se
como barcos salva-vidas
na medida das casas grandes
O tempo plana
à sombra de comboios de mercadorias e de gatos,
correm-se as cortinas
a luz apaga-se atrás delas.
Tudo flutua em calma pelo espaço
ao longe brilham cinco estrelas
e o céu para o sul está turquesa.
Peter Lagusen
Himmel Kœrlighet Frhed, 1982
Tradução de Amadeu Baptista
Etiquetas: Peter Lagusen, poemário
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