2013-04-27

A divina imperfeição



Photo: autor desconhecido

Caminho sem pressa pelas veredas
de um labirinto que parece não ter fim.
Oiço o som dos meus passos solitários
e sinto as fragrâncias de um jardim que se perdeu.
Entre ser livre ou ser feliz, escolhi
a liberdade de construir outro destino.
Sei agora que a minha vocação
é o silêncio íntegro das sementes
nos campos tranquilos e lavrados.
É tarde. Do pó vim, ao pó quero regressar,
liberto, enfim, da geometria cruel do labirinto.
Dia após dia, procuro a secreta passagem
para a morada longínqua do mundo inicial.
Se Deus projectou em mim a sua imagem
em mim negou a sua divina perfeição.

António José Queiróz.

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