A ESTAÇÃO DE COMBOIOS
Em memória de Guillaume Apollinaire
Chove sempre no meu sono
o meu sonho enche-se de lama
é uma paisagem obscura
e eu estou à espera de um comboio
o chefe da estação colhe malmequeres
que cresceram entre os carris
pois há já muito tempo
que um comboio não entra nesta estação
e de repente os anos passaram
eu estou sentado por detrás de um vidro
o cabelo e a barba cresceram
como se estivesse doente
e enquanto o sono me toma de novo
silenciosamente ela vem
segura uma faca na mão
e cautelosa aproxima-se
crava a faca no meu olho direito.
Luisa Monteiro
Etiquetas: poemário; Luísa Monteiro
2 Comments:
Minha cara
se fosse no olho esquerdo
até eu ficaria cego
:-)
um belo Haikai.
Enviar um comentário
<< Home