2006-11-18

Andorinhas de Maio


Na semana passada, partiu mais uma andorinha do beiral da minha janela...

Hoje, ela voa em direcção ao sol, para aquecer o coração, que o gelo, na terra engoliu...

Antes dela, partiram já duas em Maio.

Uma em 2002.

Outra em 2005.

Que será de mim quando todas as andorinhas partirem em busca do sol...

Esta partiu em Novembro, como no conto de Oscar Wilde...

Todos os que a amaram sentem hoje a falta dela. O corvo Vicente, o ternurento Jeff, de pêlo dourado e olhos de quem pede colo, como só os cães sabem pedir. E as flores, as plantas, as uvas, as árvores e os frutos que ela extraía da terra com mãos amorosas e que as pequeninas Catarina e Mariana tanto amavam. Porque aquelas mãos que cuidavam da terra e dos animais e dos seus com todo o amor do Mundo, punham um sabor especial nas maçãs, nas uvas e nos figos que colhia do pomar. E quando o pai das pequenas lhas punha na mesa e dizia: "a avó trouxe-vos isto", elas imediatamente desdenhavam a fruta ou os legumes do supermercado. "Porque as maçãs e as batatas da avó é que são boas..."

A partir de agora a minha querida andorinha cuidará das árvores de fruto no Jardim do Paraíso...

Só espero que, para encontrá-la, não me engane no caminho...

Cláudia de Sousa Dias

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5 Comments:

Blogger Nilson Barcelli said...

A vida é assim mesmo. Não há andorinhas que durem para sempre.
Também já me partiram algumas.
Um abraço solidário.
Beijinhos.

18/11/06 10:08 da tarde  
Blogger ~pi said...

não há engano possível, que texto tão preciosamente melancólico, tão intensamente ou to nal...

abraçO

19/11/06 3:42 da tarde  
Blogger arabie said...

elas voltam a poisar na tua janela.
é curiosa a presença da grade na foto,ela é simbólica, dos nossos medos.

19/11/06 10:15 da tarde  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Obrigada, Nilson.

É verdade luci, o Outono é uma estação de uma beleza melancólica, até pelas próprias cores e pela luz desmaiada, por vezes pardacenta dos dias cinzentos de chuva...

Quarida Arabie, a andorinha da foto tem uma história muito curiosa que acaba por entrar em paralelo com a dotext.

Encontre-a caída do ninho após o temporal da noitada de Sta. António. Levei-a para casa por alguns dias, alimentei-a a gema de ovo e depois...libertei-a.

Quando ela já tinha asas para voar.

Uma partida um pouco diferente da do texto...

Um beijo a todos

20/11/06 1:01 da tarde  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Querida Sleep, tu és a minha estrela da sorte!

Um beijo

CSD

24/11/06 11:11 da manhã  

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