Antonio Vivaldi: Outono, de As Quatro Estações
Photo by Erkan Torunn for Resim & Fotoğraf
Que memória haverá da gôndola vermelha que atravessa o canal,
quando eu morrer?
Que sombras beneficiarão a Piazzeta
e iluminarão a noite,
quando eu morrer?
Quem consolará Beatrice, Belvidera
e Orietta,
quando eu morrer?
Continuarão a chamar-me demónio
e a condenar a angústia
que me afeiçoa às mulheres e me afasta do culto,
quando eu morrer?
Que música ondulará sobre Sant'Angelo,
quando eu morrer?
E as órfãs,
as órfãs do Pio ospedale della Pietà,
quem velará o sono das órfãs,
quando eu morrer?
Quem se debruçará da janela
para melhor escutar a plangência divina
que exprime o sublime,
quando eu morrer?
Deus?
Os anjos?
O próprio outono?
in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista
Que memória haverá da gôndola vermelha que atravessa o canal,
quando eu morrer?
Que sombras beneficiarão a Piazzeta
e iluminarão a noite,
quando eu morrer?
Quem consolará Beatrice, Belvidera
e Orietta,
quando eu morrer?
Continuarão a chamar-me demónio
e a condenar a angústia
que me afeiçoa às mulheres e me afasta do culto,
quando eu morrer?
Que música ondulará sobre Sant'Angelo,
quando eu morrer?
E as órfãs,
as órfãs do Pio ospedale della Pietà,
quem velará o sono das órfãs,
quando eu morrer?
Quem se debruçará da janela
para melhor escutar a plangência divina
que exprime o sublime,
quando eu morrer?
Deus?
Os anjos?
O próprio outono?
in O Bosque Cintilante, Maia, Cosmoroama, 2008
© de Amadeu Baptista
Etiquetas: poemário; Amadeu Baptista
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